
Agência Brasil
BRASÍLIA - Ana Paula, de 22 anos, e a filha de 2 anos e três meses, vão comemorar o Dia das Mães em uma Casa Abrigo mantida em Brasília pelo Conselho dos Direitos da Mulher do Distrito Federal. Junto com outras 16 mães e 20 crianças que vivem atualmente no local, elas tiveram de sair de casa por causa da violência a que eram submetidas e das ameaças que sofriam.
Para ela, hoje será o primeiro Dia das Mães digno que terá.
- Este domingo para mim é de renovação, porque no Dia das Mães eu não era nem lembrada. É a primeira vez que eu terei mesmo um Dia das Mães - disse.
O sofrimento de Ana Paula durou pouco mais de três anos, mas segundo ela, pareceu uma eternidade. Ela conta que o companheiro, de 56 anos, negociante autônomo de veículos, costumava bater nela por motivos fúteis, não permitia que trabalhasse ou estudasse e a forçava permanentemente a práticas sexuais violentas.
- Eu vivia uma vida de cão. Era só abaixo de humilhação. Qualquer coisa era motivo para ele me bater. Me violentava sexualmente, psicologicamente e de todas as maneiras.
Quando fala da gravidez, Ana Paula se emociona ao lembrar que muitas vezes foi chutada, empurrada e obrigada a dormir no chão frio, depois de reagir às tentativas de estupro. Em uma das discussões o companheiro tentou estrangulá-la e Ana Paula diz que só foi salva porque o enteado intercedeu em seu favor.
As ameaças de morte e de ficar sem a filha a desencorajavam de tentar por um fim ao relacionamento.
- Ele tinha um revólver embaixo da cama e dizia: ‘quando te achar eu te passo fogo, a minha filha você não leva’. Eu tinha medo de denunciar, ele ser preso e, depois que saísse fosse atrás de mim - disse.
Segundo Ana Paula, as informações de uma vizinha sobre a legislação de proteção à mulher e a preocupação com o futuro da filha a levaram a procurar uma delegacia, que a encaminhou ao abrigo.
“Eu já não agüentava mais aquela vida de ver ele bater nela e em mim também. Além disso, ele dizia que ia cuidar das partes íntimas da bebê para que ficassem do gosto dos homens”.
Só no ano passado, 209 mulheres, 384 crianças e 41 adolescentes passaram pelo abrigo em que Ana Paula vive há seis meses. O local é um das 64 Casas Abrigo existentes no país para garantir a segurança de mulheres que denunciam a violência doméstica.
Enquanto permanecem nos abrigos, onde seus filhos também podem ficar, elas recebem atendimento médico e psicológico, recebem capacitação e aguardam que a Justiça providencie as chamadas medidas de proteção, como a determinação para que o agressor saia de casa ou fique proibido de aproximar-se da vítima, sob pena de ser preso. As mulheres que trabalham têm a garantia de não serem demitidas durante o período que ficarem abrigadas.
Segundo a coordenadora da Casa Abrigo do DF, Vera, em cerca de 90% das histórias das mulheres atendidas há o envolvimento do agressor com drogas ou alcoolismo, geralmente maridos, pais e companheiros.
2 comentários:
Subtilmente, os meus amigos acabaram de provar a efectividade da nossa aldeia global. Publicar o sucedido do outro lado do mundo é um exemplo fantástico de quão perto ele está. Os viventes lá também são viventes cá. Muitos dos meus alunos são brasileiros e ler estas notícias num blog de malta nova é gratificante. Alguém quebra as barreiras com imigrantes, sendo eu filho de uma família imigrantes sei bem dar o valor!
ummmm, i do not read portugese. sorry ><
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